Falar sobre a morte é algo difícil e cheio de tabus. Por isso, muitas pessoas enfrentam o luto sozinhas, com muito sofrimento e dificuldade de superação.
De modo geral, as pessoas têm dificuldade de aceitar e de falar sobre perdas, o que acaba levando muitas pessoas ao adoecimento.
Quando encarado de forma normal e vivido de maneira saudável o luto pode servir para nos mostrar coisas importantes sobre a vida, tais como:
- Lembrar como a vida é passageira.
- Refletir sobre como estamos vivendo a nossa vida.
- Buscar qualidade de vida, através de novas formas de pensar e hábitos mais saudáveis.
Porém, não são todas as pessoas que conseguem passar pelo luto de maneira satisfatória.
Existem alguns sinais, que mostram a dificuldade de superar do luto, como ficar buscando entender por que a pessoa foi embora, negar a perda do ente querido e culpar-se pela morte da pessoa.
Esses comportamentos, se permanecerem por muito tempo, fazem com que a pessoa enlutada tenha dificuldade de seguir normalmente sua vida, podendo desencadear alguns transtornos psicológicos.
É o fato de pensar e agir de modo disfuncional, que a prende no sofrimento e pode levá-la a ter outros problemas como depressão, ansiedade e um luto prolongado.
Para evitar que isso aconteça, é preciso que o luto seja encarado como uma experiência normal, que todos nós vamos passar em algum momento da vida.
Alguns autores que estudam sobre o tema, costumam dividir o luto em 5 fases. Conhecer e entender essas fases podem ajudar a mudar sua forma de sentir e de pensar sobre a perda:
1 – Negação: “Isso não pode estar acontecendo”. “Não consigo acreditar que ela/ele se foi.” “Não consigo aceitar.”
2 – Raiva: “Isso não é justo!” “Isso não deveria ter acontecido.”
3 – Barganha: “Se essa dor passar, eu juro que vou mudar, vou melhorar.”
4 – Depressão, tristeza e isolamento: “Minha vida acabou”. “Essa dor nunca irá embora.”
5 – Aceitação: “Não há nada que eu possa fazer, agora é aceitar os fatos e seguir em frente, da melhor maneira possível”.
Essas fases podem não se apresentar exatamente nessa ordem, e algumas delas podem ser mais difíceis de serem superadas, a depender de cada pessoa.
Embora essas fases não sigam uma ordem exata, espera-se que a pessoa alcance a fase da aceitação, que é o modo saudável de lidar com o luto.
São os pensamentos, sentimentos e comportamentos da pessoa enlutada que mostram em qual fase ela está.
Como superar o luto?
1 – Reconheça seus pensamentos.
Pergunte-se o que passa pela sua cabeça quando você se lembra da pessoa que se foi? Anote esses pensamentos.
2 – Nomeie suas emoções. Quando você tem esses pensamentos, que tipo de sentimento você tem? Pode ser raiva, indignação, culpa, tristeza, saudade, dentre outros.
3 – Identifique qual fase do luto você está. Depois de ter anotado os principais pensamentos e emoções, agora você sabe em qual fase do luto você se encontra. Isso é importante para te distanciar dos pensamentos e conseguir avaliá-los melhor, trazendo mais clareza e reduzindo seu sofrimento.
4 – Reavalie seus pensamentos: Você precisa entender que pensamentos são apenas ideias, opiniões que você tem sobre as situações. Pensamentos não são fatos.
Entenda também que os sentimentos que você está tendo no seu processo de luto são consequências da sua forma de pensar.
Ao ter clareza dos seus pensamentos, você reconhecerá melhor os fatos, compreendo que que no fundo você não quer morrer com a pessoa falecida, você não é culpado pelo que aconteceu, e que a morte não é uma questão de injustiça, mas sim, um fato sobre o qual ninguém tem controle.
Tendo consciência disso, entra o processo de aceitação, que corresponde a fase 5.
5 – Aceite os fatos e tenha novas atitudes. Aceitação não significa conformismo. Significa compreender que existem fatos que você não pode mudar. Significa dar um novo sentido para sua vida, alicerçando-a em valores que são importantes para você.
Por isso, você não deve agir com base naquilo que pensa, nem naquilo que sente. Mas deve ter ações para construir uma nova rotina.
Para isso, faça uma lista de possibilidades, como: mudar de casa, fazer alterações na sua rotina, aprender coisas novas, iniciar algo que sempre quis fazer, buscar atividade física, começar um curso, um livro.
Independente do que você resolva fazer, o importante é perceber que apesar da dor, da ausência e da saudade, ainda há muito o que fazer pela sua vida.
6 – Esteja próximo de pessoas que ama. Ao invés de se isolar, reforce seus laços com pessoas queridas. Caso não identifique ninguém, procure construir novos relacionamentos, para ter uma rede de apoio emocional sempre que precisar.
Com a implementação dessas mudanças, adaptações na sua rotina e interações com outras pessoas, surgirão novas perspectivas sobre a vida, reduzindo seu sofrimento e aumentando o bem-estar.
Caso você não consiga aplicar esses passos sozinha, não hesite em buscar ajuda profissional. Existem psicólogos especializados nessa área, que conseguirão te ajudar.
Atualmente, os tratamentos mais indicados para o luto são a Terapia Cognitivo-comportamental (TCC), promovendo a e a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT). Essas terapias te ensinam como lidar com os pensamentos que causam angústia e te ajudam a reconstruir sua vida, considerando seus objetivos, seus princípios e seus valores.
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